Nós
os migrantes...
- A perspectiva de quem quer ser acolhido !
Nós,
os migrantes de hoje e de ontem, não saímos da nossa terra sem
pensar duas vezes. Saímos à procura. Procura de melhores condições
de vida, procura de dignidade, de paz, de justiça. Esperamos ser bem acolhidos.
Queremos
ser vistos em primeiro lugar como pessoas. Não somos (apenas) mão
de obra, não somos peça de máquina, não somos instrumentos
de produção. Somos pessoas, com uma história, uma biografia,
uma cultura.
Fazemos
parte de um povo, que tem a sua história e a sua cultura, e,
ao emigrar, não queremos perdê-las. Não nos ofereçam
direitos à troca da renúncia àquilo que somos. Acolhendo-nos,
não nos queiram assimilar, tentar tornar-nos iguais a vós. Respeitai
a nossa identidade.
Estamos
dispostos a trabalhar onde pudermos. Pedimos que reconheçam o nosso
saber, a nossa experiência profissional e os nossos diplomas. Não
nos discriminem por causa do nosso nome ou da cor da nossa pele!
Queremos
participar em tudo o que pode ajudar a construir esta sociedade. Não
iremos por-nos de lado. Mas precisamos de espaços e de ocasiões
para nos encontrar com gente da nossa terra, que fale a mesma língua e
cante as mesmas melodias que nós. Não vejam nisso sociedades paralelas,
mas formas de participação, em associações e grupos
que enriquecem o conjunto da sociedade e fazem dela uma sociedade intercultural.
Queremos
conhecer a vossa cultura e um pouco da cultura dos povos que aqui vivem connosco.
Dêem-nos tempo e ocasião de aprender a vossa língua. Não
nos empurrem para a margem da sociedade, onde não se fala língua
nenhuma, a não ser a linguagem da exclusão, que gera mal-entendidos
e tensões sociais.
Queremos
ser tratados como cidadãos, sujeitos de direitos e deveres. Se possível,
optaremos pela dupla cidadania, para podermos viver a 100% a cidadania, aqui e
na nossa terra de origem.
Jn